Um jornalista iraniano-americano, Reza Valizadeh, conhecido por seu trabalho em um meio de comunicação financiado pelo governo dos EUA, foi supostamente detido no Irã por meses, levantando preocupações à medida que as tensões entre Teerã e Washington continuam a escalar. Valizadeh, que anteriormente trabalhou para a Radio Farda—um meio financiado pelos EUA visto pelo governo iraniano como adversário—está sob custódia iraniana desde que retornou ao país no início deste ano, confirmou o Departamento de Estado dos EUA à Associated Press no domingo.
A notícia da detenção de Valizadeh chega em um momento precário, justo quando o Irã comemora o 45º aniversário da tomada da Embaixada Americana em 1979, um ponto histórico que levou à crise de reféns de 444 dias. No sábado, o Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei, ameaçou uma “resposta esmagadora” tanto a Israel quanto aos EUA após as recentes tensões, que só se intensificaram com a implantação de bombardeiros B-52 americanos no Oriente Médio para deter o Irã.
Valizadeh, que estava ativo nas redes sociais antes de sua detenção, postou em fevereiro que membros de sua família haviam sido detidos para pressioná-lo a retornar ao Irã. Postagens posteriores de agosto sugeriram que ele havia chegado a Teerã sem quaisquer garantias formais para sua segurança após 13 anos no exterior. Nessas mensagens, ele mencionou reuniões com o departamento de inteligência da Guarda Revolucionária do Irã, embora nenhuma garantia de segurança tivesse sido fornecida.
Rumores sobre sua detenção começaram a circular nas últimas semanas, com a Agência de Notícias de Ativistas dos Direitos Humanos relatando que Valizadeh foi inicialmente detido ao chegar em março, liberado brevemente e, em seguida, re-presado. Ele está agora supostamente detido na notória Prisão de Evin, no Irã, enfrentando acusações perante o Tribunal Revolucionário. Este tribunal, conhecido por seus julgamentos à porta fechada e uso de provas secretas, tem sido frequentemente criticado pela falta de transparência e processo justo. A história de Valizadeh com as autoridades iranianas remonta a 2007, quando ele enfrentou detenção anterior, segundo relatos.
O Departamento de Estado afirmou que está trabalhando com intermediários suíços—o poder protetor oficial dos EUA no Irã—para reunir mais informações sobre a situação de Valizadeh. “O Irã rotineiramente aprisiona cidadãos americanos e cidadãos de outros países injustamente para fins políticos”, observou o departamento, chamando a prática de “cruel e contrária ao direito internacional.” O Irã não reconheceu publicamente a detenção de Valizadeh, e representantes iranianos nas Nações Unidas não responderam a pedidos de comentários.
Esta detenção marca a primeira instância conhecida de o Irã manter um americano desde a liberação em setembro de 2023 de cinco americanos como parte de uma troca de prisioneiros de alto risco, que incluiu a liberação de $6 bilhões em fundos iranianos congelados. Desde a crise dos reféns de 1979, o Irã tem repetidamente detido cidadãos ocidentais ou nacionais duplos como peças de negociação. A detenção de Valizadeh ressalta o estado frágil das relações entre os EUA e o Irã, com cada lado vendo as ações do outro com crescente desconfiança.
À medida que as preocupações sobre sua segurança e tratamento legal aumentam, o caso de Valizadeh destaca os desafios diplomáticos de longa data envolvendo americanos detidos no Irã, mesmo com as pressões regionais crescendo em meio ao conflito em curso entre Israel e Gaza e à postura cada vez mais assertiva do Irã contra ameaças percebidas dos EUA e seus aliados.
As fontes para este artigo incluem: The Associated Press, Voice of America, Departamento de Estado dos EUA.