Em uma declaração recente, o chefe do serviço de inteligência externa da Alemanha, o chefe do Bundesnachrichtendienst, Bruno Kahl, alertou que os atos de sabotagem da Rússia contra alvos ocidentais poderiam potencialmente levar a OTAN a considerar invocar sua cláusula de defesa mútua do Artigo 5. Falando em um evento em Berlim, Kahl expressou sua crença de que Moscovo continuaria a escalar suas táticas de guerra híbrida, aumentando assim o risco de ativar a cláusula da OTAN. Ele afirmou: “O uso extensivo de medidas híbridas pela Rússia aumenta o risco de que a OTAN eventualmente considere invocar sua cláusula de defesa mútua do Artigo 5.” Esse desenvolvimento levantou preocupações sobre uma potencial escalada do conflito na Ucrânia e até mesmo temores de uma Terceira Guerra Mundial.
O Artigo 5 do tratado da OTAN estipula que, se qualquer nação membro sofrer um ataque, todos os outros membros são obrigados a prestar auxílio. Kahl acrescentou ainda que as capacidades militares da Rússia provavelmente atingiriam um ponto em que poderiam confrontar diretamente a OTAN até o final desta década. Tais comentários trouxeram uma nova atenção ao conflito em andamento na Ucrânia e alimentaram preocupações sobre a possibilidade de um conflito global.
Um incidente que acrescentou combustível a esses temores foi o recente relatório alegando que um navio de carga chinês cortou intencionalmente dois cabos de dados críticos no Mar Báltico como parte de um ataque orquestrado pela Rússia. O navio supostamente arrastou seu âncora por mais de 110 milhas enquanto permanecia fora do radar, levando os investigadores a acreditar que essa ação foi deliberada. Funcionários europeus ficaram alarmados quando cabos-chave conectando a Lituânia e a Suécia, bem como a Finlândia e a Alemanha, foram cortados nos dias 17 e 18 de novembro, respectivamente.
O Ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, expressou sua suspeita de que esses cortes de cabos foram atos de sabotagem. Ministros de outras nações também demonstraram preocupação de que esse ataque fosse parte da estratégia de guerra híbrida da Rússia, da qual a Europa está mal preparada para enfrentar. O incidente destacou a vulnerabilidade da infraestrutura crítica e o potencial para ataques cibernéticos desestabilizarem redes de comunicação.
Investigações sobre o incidente revelaram que um enorme navio graneleiro chinês chamado Yi Peng 3, carregado com fertilizante russo, desligou seu sistema de radar e lançou âncora enquanto passava pelas águas suecas. Alega-se que ele cortou o cabo Suécia-Lituânia por volta das 21h, horário local, em 17 de novembro. Seis horas depois, acredita-se que tenha cortado o cabo Alemanha-Lituânia após percorrer aproximadamente 110 milhas. O navio então começou a navegar em zigue-zague antes de levantar âncora e continuar sua jornada.
Navios da Marinha dinamarquesa perseguiram a embarcação e a forçaram a ancorar no Estreito de Kattegat, onde foi posteriormente guardada por navios da OTAN. Autoridades suecas e alemãs estão atualmente negociando com o proprietário do navio para obter acesso para uma investigação mais aprofundada. Os danos causados tanto na âncora quanto no casco do navio sugerem que houve arrasto intencional.
Este incidente destaca as preocupações sobre a falta de preparação da Europa para lidar com as táticas de guerra híbrida da Rússia, que incluem sabotagem, incêndio criminoso, tentativas de assassinato e ataques à infraestrutura crítica. A OTAN e os serviços de inteligência ocidentais têm alertado repetidamente que a Rússia está por trás de um número crescente de atividades hostis em toda a Europa e América do Norte, incluindo ataques cibernéticos e atos de terrorismo.
Além disso, Kahl observou que a guerra em curso da Rússia com a Ucrânia deu a Moscovo tropas testadas em combate que possuem capacidades militares convencionais, juntamente com expertise em guerra moderna de drones. No entanto, ele também mencionou que altos funcionários do ministério da defesa russo duvidam se o Artigo 5 da OTAN seria invocado em caso de uma emergência envolvendo a Europa. Esse ceticismo levanta questões sobre a eficácia das medidas de defesa coletiva da OTAN. À medida que as tensões continuam a aumentar entre a Rússia e as nações ocidentais, as preocupações sobre uma potencial ativação da cláusula de defesa mútua da OTAN persistem. O conflito na Ucrânia continua a ser um ponto de inflamação para a instabilidade geopolítica, destacando a necessidade de soluções diplomáticas para prevenir uma nova escalada. A comunidade internacional deve permanecer vigilante em abordar táticas de guerra híbrida e proteger infraestruturas críticas para manter a paz e a estabilidade na região euro-atlântica.