Otmar Szafnauer quebrou seu silêncio sobre o caos que cercou sua saída da equipe de Fórmula 1 da Alpine, revelando uma atmosfera tumultuada dentro da equipe francesa que levou à sua demissão ao lado do diretor esportivo de longa data, Alan Permane. Sua saída repentina durante o fim de semana do Grande Prêmio de Spa marcou uma grande mudança na equipe, já que a Alpine passou por uma reestruturação interna dramática com Flavio Briatore assumindo como “consultor executivo” e Oliver Oakes substituindo Bruno Famin, que havia inicialmente substituído Szafnauer.
Szafnauer, que se juntou à Alpine em 2022 vindo da Aston Martin com promessas de controle total, agora revelou que rapidamente se viu marginalizado nas operações da equipe. Em uma entrevista franca ao High Performance Podcast, o americano-romeno expressou frustração sobre sua falta de autoridade, afirmando que foi injustamente culpado pela notória falha da Alpine em reter o piloto estrela Oscar Piastri, que foi recrutado pela McLaren. Szafnauer também insinuou problemas de confiança, dizendo que alguns membros da equipe não eram confiáveis.
“Eu não poderia ter previsto como as coisas acabariam,” disse Szafnauer ao ser questionado por que não saiu mais cedo. “Eu tinha um contrato, e eu queria fazer o melhor pela minha equipe. Naquele momento, estávamos em sexto no campeonato, tivemos pódios, estávamos pontuando regularmente. Não foi um desastre. Não é como hoje, onde eles estão em nono no campeonato—isso é um desastre.”
Szafnauer enfatizou que, embora a Alpine estivesse enfrentando desafios, ele acreditava que a equipe estava no caminho certo. “Às vezes você dá um meio passo para trás para dar dois passos para frente,” explicou ele, acrescentando que a recrutamento estava em andamento e planos estavam em movimento para transformar a Alpine em uma equipe do top três.
Uma das fraquezas mais evidentes da Alpine era seu motor turbo-híbrido Renault subdimensionado, o qual Szafnauer admitiu ser um problema significativo. Ele revelou que, pouco antes de sua demissão, estava trabalhando com a FIA em um plano para igualar as unidades de potência entre as equipes. “Na minha última reunião da Comissão da Fórmula 1 na Bélgica, apresentei um forte argumento para que os powertrains da Alpine voltassem a se igualar aos outros. Estávamos 15 quilowatts—cerca de 25 cavalos de potência—abaixo em comparação com nossos concorrentes, o que tornava difícil competir,” afirmou Szafnauer.
A Alpine e a Renault alegaram desde então que a saída de Szafnauer foi devido a um desalinhamento de expectativas em relação aos prazos para entrega de resultados. No entanto, Szafnauer permanece firme em sua afirmação de que não recebeu uma explicação clara. Ele acredita que a disputa estava enraizada em visões diferentes sobre como mudar a cultura corporativa na Alpine.
“Eu sei como criar uma mentalidade vencedora e uma cultura de segurança psicológica. Era isso que eu estava trabalhando,” disse Szafnauer, explicando que a Alpine queria uma abordagem diferente, que incluía demitir funcionários de longa data que estavam se saindo bem. “Me pediram para fazer isso, e eu disse não. Não é quem eu sou.”
A saída de Szafnauer deixou uma nuvem de incerteza sobre a Alpine, que continua a lutar na temporada de 2024. Enquanto isso, Szafnauer defende seus esforços e insiste que sua abordagem teria eventualmente transformado a equipe em sérios concorrentes. “Eu estava trabalhando em todas as frentes para melhorar a Alpine, até meu último dia,” concluiu.
À medida que a Alpine avança com uma nova liderança, permanecem dúvidas sobre se a reestruturação agressiva da equipe dará frutos—ou se, como sugere Szafnauer, a equipe pode ter perdido o rumo ao descartar pessoal chave e uma visão de longo prazo.