Enquanto Donald Trump se prepara para reentrar no Salão Oval, o presidente eleito prometeu trazer paz aos conflitos mais intratáveis do mundo. Da Ucrânia ao Oriente Médio, Trump prometeu usar sua habilidade de negociação para acabar com guerras e forjar estabilidade.
No entanto, o cenário global em 2025 é muito mais complexo do que quando Trump ocupou o cargo pela última vez, com dinâmicas de poder em mudança e posições endurecidas entre os principais atores. A visão de Trump de intermediar acordos rápidos enfrenta desafios formidáveis, desde a nova agressão da Rússia até uma China mais desafiadora e tensões crescentes no Oriente Médio.
O Desafio Ucraniano
A promessa de Trump de acabar com a guerra na Ucrânia “em 24 horas” depende de intermediar um cessar-fogo e negociar concessões. No entanto, a situação no terreno é tudo, menos propícia a resoluções rápidas.
O presidente russo Vladimir Putin está escalando o conflito, reunindo forças no sudeste da Ucrânia e lançando ataques de mísseis intensificados. A Ucrânia, fortalecida pelo apoio militar dos EUA sob o presidente Joe Biden, permanece resoluta em recuperar seus territórios, incluindo a Crimeia.
A própria equipe de segurança nacional de Trump, que provavelmente incluirá vozes belicistas como o futuro Secretário de Estado Marco Rubio, pode resistir a qualquer acordo que pareça ceder terreno à Rússia. Equilibrar essas dinâmicas testará a capacidade de Trump de afirmar controle enquanto evita percepções de fraqueza.
A Complexa Realidade de Israel
No Oriente Médio, a tarefa de Trump é igualmente desafiadora. Enquanto apoia os esforços militares do Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu, Trump deseja que Israel finalize as operações em Gaza e no Líbano antes de sua posse em janeiro.
Mas Netanyahu, encorajado pelos recentes sucessos militares, é menos provável que se curve à pressão externa. Discussões dentro de seu governo sobre a anexação de partes da Cisjordânia ameaçam prolongar as hostilidades e desviar o objetivo mais amplo de Trump de normalização entre a Arábia Saudita e Israel.
Qualquer acordo de paz também exigirá navegar pelas tensões dentro da própria administração de Trump, que inclui figuras fortemente pró-Israel, como a embaixadora da ONU designada Elise Stefanik e o indicado para secretário de Defesa Pete Hegseth.
O Dilema Nuclear do Irã
Trump enfrenta uma batalha difícil para conter as ambições nucleares do Irã. Apesar da abertura de Teerã para novas negociações, os recentes ataques israelenses aproximaram o Irã de reconsiderar sua doutrina nuclear. Os extremistas iranianos veem esses ataques como evidência de vulnerabilidade estratégica, potencialmente acelerando os esforços para desenvolver armas nucleares.
A campanha planejada de “máxima pressão” de Trump, com sanções aumentadas, poderia isolar ainda mais o Irã, mas pode falhar em produzir as concessões desejadas, especialmente com a desconfiança de Teerã em relação às intenções dos EUA se aprofundando desde a retirada de Trump do acordo nuclear de 2015.
A Aliança entre a Coreia do Norte e a Rússia
A Coreia do Norte de Kim Jong Un apresenta outro grande obstáculo. As tentativas diplomáticas anteriores de Trump, incluindo sua “amizade especial” com Kim, provavelmente não ressoarão no ambiente geopolítico atual.
A nova aliança da Coreia do Norte com a Rússia fortaleceu a posição de Pyongyang, com Kim recebendo apoio econômico e militar vital de Moscovo. A capacidade de Trump de negociar o desarmamento será limitada sem uma influência significativa sobre ambas as nações.
A Posição Mais Dura da China
A China, sob a presidência de Xi Jinping, representa um desafio significativo para a agenda de política externa de Trump. Xi adotou uma abordagem mais rígida em relação a Taiwan e ao comércio, complicando ainda mais o objetivo de Trump de reduzir as tensões.
Embora as ameaças de Trump de novas tarifas possam pressionar a economia em dificuldades da China, sua postura mais suave em relação a Taiwan pode encorajar Pequim. Além disso, o alinhamento mais próximo de Xi com Moscovo minará a abordagem transacional de Trump à diplomacia global.