A França instou os aliados ocidentais a evitar estabelecer “linhas vermelhas” no apoio militar à Ucrânia, enquanto a nação devastada pela guerra continua sua defesa contra a agressão russa. Os comentários do Ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, surgem em meio a divisões crescentes dentro da OTAN sobre até onde ir no armamento de Kiev, com a Alemanha resistindo a pedidos para fornecer mísseis de longo alcance.
Falando à BBC, Barrot enfatizou a importância de não restringir o acesso da Ucrânia a armamentos críticos, sugerindo que mísseis fabricados na França poderiam ser usados para autodefesa, mesmo contra alvos dentro da Rússia. Seus comentários adicionam pressão crescente sobre a Alemanha, que tem consistentemente se recusado a se juntar aos aliados na oferta de apoio similar.
A Posição da França: Sem Limites no Apoio
A declaração de Barrot reflete a posição cada vez mais assertiva da França em ajudar a Ucrânia. No início deste ano, o Presidente Emmanuel Macron sinalizou uma disposição para considerar todas as opções, incluindo o envio de tropas ocidentais em uma capacidade de treinamento e o apoio à possível adesão da Ucrânia à OTAN.
“Não descartamos nenhuma opção,” reiterou Barrot, sublinhando a abertura da França para aumentar seu envolvimento se o conflito continuar.
Paris já autorizou a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance fabricados na França, alinhando-se a movimentos semelhantes dos EUA e do Reino Unido. A decisão provocou críticas contundentes de Moscovo, com o Presidente russo Vladimir Putin ameaçando retaliação contra os países que fornecem tais armas.
A Hesitação da Alemanha
Em contraste, a Alemanha manteve-se firme em sua recusa em enviar mísseis de cruzeiro Taurus, citando preocupações sobre a escalada das tensões com a Rússia. O chanceler Olaf Scholz enquadrou sua abordagem cautelosa como parte de uma estratégia “prudente” mais ampla, um ponto chave de sua campanha para a próxima eleição antecipada da Alemanha em fevereiro de 2025.
Scholz também rejeitou propostas francesas para implantar tropas ocidentais na Ucrânia de qualquer forma, aprofundando a divisão entre Berlim e Paris em relação à estratégia militar.
A relutância do chanceler alemão gerou frustração entre os aliados da Ucrânia, com muitos argumentando que Kyiv precisa de todas as ferramentas possíveis para combater os ataques implacáveis da Rússia.
Membro da OTAN e Alianças Estratégicas
Barrot também expressou a abertura da França para avançar com o pedido da Ucrânia para se juntar à OTAN, uma possibilidade que Macron levantou pela primeira vez em 2023. Embora a adesão à OTAN signifique uma mudança significativa na estratégia da aliança, Barrot afirmou que a França está trabalhando com parceiros para aproximar a Ucrânia desse objetivo.
“Estamos abertos a estender um convite”, afirmou Barrot, sinalizando que as discussões com aliados estão em andamento para alinhar suas posições.
Implicações da Escalada
A autorização do uso de mísseis de longo alcance por nações ocidentais já marcou um ponto de virada no conflito, com a Ucrânia supostamente utilizando as armas na semana passada. Esses ataques permitiram que Kyiv visasse infraestrutura militar russa crítica muito além das linhas inimigas, remodelando a dinâmica do campo de batalha.
No entanto, a resposta de Moscovo tem sido previsivelmente severa. Os avisos recentes de Putin sobre possíveis ataques a nações fornecedoras sublinham os riscos de escalada, levantando preocupações sobre uma instabilidade regional mais ampla.