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Michele Mouton, conhecida como a ‘Rainha da Velocidade’, fez sua estreia como piloto no Campeonato Mundial de Rali de 1974, marcando 50 anos desde esse marco. Antes de se associar ao icônico Audi Quattro, Mouton começou sua carreira no rali como co-piloto no Alpine A110. Sua jornada no mundo das corridas de rali começou em 1972, quando ajudou seu amigo Jean Taibi a praticar o percurso do Tour de Corse. A estreia oficial de Mouton ocorreu no inaugural Rali de Monte Carlo em 1973, onde ela foi co-piloto do Peugeot 304S de Jean Taibi. Impressionado com suas habilidades, o pai de Mouton a incentivou a assumir o volante e até ofereceu um carro de rali para mostrar seu talento na França. Em 1973, ela participou do rali de carros exclusivamente femininos, o Rallye Paris Saint-Raphaël Féminin, antes de competir no Tour de France Automobile no mesmo ano, uma corrida que ela venceria em 1978. Mouton aprimorou suas habilidades de condução em vários eventos de rali antes de fazer sua estreia oficial como piloto no WRC em 1974. Apesar de enfrentar acusações de ter um motor ilegal durante sua estreia no Tour de Corse, onde terminou em 12º lugar dirigindo um Alpine A110, Mouton foi inocentada de qualquer irregularidade. Ela passou a dominar as categorias femininas francesa e europeia, conquistando títulos de campeã em ambas. No ano seguinte, Mouton defendeu seu título no Tour de Corse, terminando em sétimo lugar e mantendo seu status de campeã feminina francesa e europeia. Em uma reviravolta surpreendente, Mouton se juntou a Christine Dacremont e Marianne Hoepfner para competir em Le Mans, onde conquistou sua primeira vitória em uma corrida de resistência na categoria de protótipos de dois litros nas 24 Horas de Le Mans de 1975. Em 1977, Mouton se uniu ao piloto de rali francês Jean-Claude Andruet para representar a Fiat França no Fiat 131 Abarth. Ela terminou consistentemente em quinto lugar no Tour de Corse durante três anos consecutivos, de 1978 a 1980, mostrando seu desempenho consistente no WRC. A carreira de rali de Mouton progrediu rapidamente em 1977, quando ela alcançou pódios no RACE Rallye de España e no Tour de France Automobile, dirigindo o Porsche Carrera RS. Em 1978, ela venceu o Tour de France Automobile com o 131 Abarth e terminou em segundo lugar no Campeonato Francês de Rali de 1979, preparando o terreno para seu próximo grande passo.
Mouton, que havia assinado recentemente com a nova equipe da fábrica Audi, estava pronta para fazer sua estreia com a Audi Sport em 1981, pilotando o Audi Quattro.
O Audi Quattro, um carro de corrida lendário, foi o primeiro veículo com tração nas quatro rodas no WRC a ter mais de 300 cavalos de potência, tornando-se uma máquina icônica.
Devido à falta de homologação da FIA, o Quattro só pôde participar de eventos como carros zero, resultando em vitórias de etapas e eventos perdidas.
Apesar de enfrentar problemas elétricos durante a corrida, Mouton conseguiu garantir o quarto lugar no Rally de Portugal de 1981, vencendo impressionantes sete etapas.
No Rally da Acrópole de 1981, Mouton silenciou os críticos que duvidavam da decisão da Audi de contratar uma piloto mulher, estabelecendo os melhores tempos em diferentes etapas. No entanto, a FIA excluiu os Quattros do evento devido a procedimentos de homologação.
Um momento histórico ocorreu no Rally de Sanremo, no noroeste da Itália, quando Mouton se tornou a primeira mulher a vencer um evento do WRC. Essa conquista notável aconteceu apenas em sua sexta participação no Quattro, superando campeões como Henri Toivonen, Hannu Mikkola e Ari Vatanen.
Vatanen, que mais tarde se tornaria um campeão, declarou famoso antes da corrida: “No dia em que eu for derrotado por uma mulher, eu me aposentarei das corridas.”
Mouton se tornou a piloto mulher mais bem-sucedida na história do automobilismo, quase vencendo a temporada do WRC de 1982. Apesar dos problemas mecânicos contínuos, ela saiu vitoriosa em Portugal, Grécia e Brasil.
Com o campeonato ao seu alcance, Mouton enfrentou uma dura batalha contra o líder do campeonato, Walter Röhrl, um piloto da Rothmans Opel, no penúltimo rally na Costa do Marfim. Tragicamente, ela recebeu a devastadora notícia de que seu pai havia falecido de câncer na manhã da corrida.
Em uma entrevista com a Hagerty, Mouton revelou: “Meu pai morreu às 7 da manhã e a corrida começou às 8:30. Eu queria ir para casa, mas minha mãe me incentivou a dirigir. Eu estava liderando Röhrl por 1 hora e 20 minutos, mas então perdi 1 hora e 15 minutos devido a uma troca de marcha e enfrentei mais problemas. Eu perdi o campeonato mundial, mas o que eu mais senti falta foi do meu pai.”
Ao garantir o segundo lugar no campeonato e conceder à Audi o campeonato de fabricantes, Mouton chegou incrivelmente perto de vencer o título. A lenda do rally alcançou um sucesso notável além do Campeonato Mundial de Rally, triunfando sobre pilotos americanos para conquistar a vitória na Corrida Internacional de Subida de Montanha Pikes Peak de 1985, com uma vantagem confortável de mais de 30 segundos. Demonstrando suas habilidades excepcionais, Mouton estabeleceu um novo tempo recorde de 11:25.39, recebendo até uma penalidade por dirigir “excessivamente rápido”. Essa conquista impressionante quebrou o recorde anterior estabelecido pelo ícone das corridas americanas Bobby Unser por impressionantes 13 segundos. Após uma brilhante carreira no rally, que incluiu 162 vitórias em especiais, 9 pódios e 4 vitórias em rally, Mouton decidiu se aposentar em 1989. No entanto, sua paixão pelo automobilismo persistiu, levando-a a co-fundar a Corrida dos Campeões em 1988 como uma homenagem ao falecido Henri Toivonen. Esse compromisso com o esporte a manteve profundamente envolvida no mundo do automobilismo por várias décadas. Em 2010, Mouton assumiu o cargo de presidente da Comissão de Mulheres no Automobilismo da FIA, posição que ocupou até sua aposentadoria em 2022. Sem dúvida, uma das figuras mais icônicas do rally, Mouton deixou uma marca indelével no esporte, estabelecendo inúmeros recordes e solidificando seu status como uma das maiores pilotos da história.
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