Em uma posição explosiva contra o órgão governante, os pilotos da Fórmula 1 chamaram a atenção da FIA e de seu presidente, Mohammed Ben Sulayem, sobre o que descrevem como uma microgestão desnecessária que está matando o espírito de competição. Esta revolta, acesa após o Grande Prêmio do Brasil em Interlagos, marca uma das manifestações mais unificadas e publicamente divulgadas de frustração dos pilotos na história recente, com a Associação dos Pilotos de Grande Prêmio (GPDA) indo tão longe a ponto de criar uma conta no Instagram para pedir mudanças abertamente.
Esse conflito vem se formando desde 2020, com pilotos e fãs cada vez mais desiludidos com o que veem como a estranha obsessão da FIA por regras triviais—desde proibições de joias até inspeções de roupas íntimas. Recentemente, a repressão da FIA ao uso de linguagem pelos pilotos, mesmo quando alguns lutam com o inglês como segunda língua, levou as tensões a um ponto de ebulição. Em resposta, Max Verstappen organizou uma protesto de “cumprimento malicioso”, boicotando as coletivas de imprensa, enquanto o campeão sete vezes Lewis Hamilton apoiou o pedido da GPDA para que a FIA recuasse e parasse de “cuidar” da grade.
Em um post no Instagram que está causando ondas de choque no mundo do automobilismo, a GPDA defendeu o uso ocasional de palavrões não insultuosos pelos pilotos, argumentando que o contexto é importante. “Com relação a palavrões, há uma diferença entre xingar com a intenção de insultar os outros e xingar de forma mais casual,” escreveram. “Pedimos ao presidente da FIA que considere seu próprio tom e linguagem ao falar com nossos pilotos membros ou sobre eles, seja em um fórum público ou de outra forma.”
“Os Pilotos são Adultos—Não Adolescentes Precisando de Verificação de Joias”
A postagem da GPDA não parou na linguagem. Eles criticaram as obsessões “triviais” da FIA com regras de código de vestimenta, como as proibições de joias. “Nossos membros são adultos”, afirmou a GPDA de forma contundente, acrescentando: “Eles não precisam receber instruções da mídia sobre questões tão triviais quanto o uso de joias ou calcinhas.”
A forma como a FIA lida com as personas públicas dos pilotos também foi alvo de críticas, com um recente comentário insensível de Ben Sulayem comparando a linguagem dos pilotos da F1 à dos rappers—uma observação que, como Hamilton apontou, parecia carregada de conotações raciais. Hamilton, um crítico de longa data de Ben Sulayem, reforçou a posição da GPDA, dizendo que nunca confiou no presidente de 62 anos, que, no início deste ano, foi alvo de críticas por acusações infundadas contra Susie Wolff.
“Mostre-nos o Dinheiro: Pilotos Exigem Transparência Financeira da FIA”
Mas as preocupações da GPDA vão além das restrições da mídia e das regras de moda. Eles estão pedindo responsabilidade sobre algo que atinge diretamente o coração da integridade do esporte: multas financeiras. Em uma carta aberta, a GPDA pediu transparência sobre para onde estão indo as multas da FIA. As multas se tornaram mais frequentes e onerosas, mas a FIA nunca divulgou para onde esse dinheiro vai. Para os pilotos, essa não é uma questão menor. Com muitos pilotos talentosos lutando para financiar suas carreiras, a GPDA insiste que esse dinheiro deve voltar para o esporte para apoiar os pilotos em ascensão.
“Nos últimos três anos, chamamos o presidente da FIA para compartilhar os detalhes e a estratégia sobre como as multas financeiras da FIA são alocadas e onde os fundos são gastos,” declarou a GPDA. “Mais uma vez, solicitamos que o presidente da FIA forneça transparência financeira e um diálogo direto e aberto conosco.”
Pedindo que os fundos sejam usados “para o benefício do nosso esporte,” a GPDA enfatizou que todas as partes interessadas—equipes, pilotos e a própria FIA—devem ter voz sobre como essas multas são alocadas.
“Hora da Mudança: Pilotos Pedem Liberdade e Respeito”
Este é um momento decisivo para os pilotos da F1, que expressaram sua disposição de enfrentar os altos escalões do esporte para preservar a integridade das corridas. Enquanto lutam por uma F1 mais transparente, respeitosa e colaborativa, este último capítulo com a FIA pode reformular a forma como o esporte é governado nos próximos anos.