À medida que a corrida presidencial de 2024 se aproxima do fim, o ex-presidente Donald Trump já está construindo um caso para contestar os resultados, caso perca para a candidata democrata Kamala Harris. Há meses, Trump tem dito a seus apoiadores que a eleição só pode ser roubada, alegando fraude como a única explicação para uma possível derrota. Em comícios por todo o país, ele advertiu que os democratas estão “trabalhando horas extras para trapacear”, apesar de não apresentar nenhuma evidência credível para suas afirmações.
“A única coisa que pode nos parar é a trapaça,” disse Trump em um evento recente no Arizona, alimentando suspeitas sobre o processo eleitoral. É uma estratégia que lembra sua abordagem em 2020, quando proclamou vitória prematuramente e lançou uma campanha para reverter os resultados — uma campanha que culminou no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro. Com o apoio de sua campanha de 2024, Trump montou uma operação de “integridade eleitoral” altamente organizada, com mais de 230.000 voluntários treinados como observadores de votação e mais de 130 processos judiciais já apresentados em vários estados para contestar preventivamente os processos eleitorais.
As Alegações e os Fatos
As alegações de Trump variam desde afirmar que os democratas estão registrando não-cidadãos para votar, até afirmar que a fraude eleitoral é generalizada em estados-chave como a Pensilvânia. Por exemplo, Trump afirmou repetidamente que não-cidadãos estão se registrando em massa — uma alegação refutada pelo fato de que apenas cidadãos dos EUA são legalmente elegíveis para votar em eleições federais, e pesquisas mostram que os casos de não-cidadãos se registrando ou votando por engano são extremamente raros.
Nos últimos dias, Trump também se concentrou na Pensilvânia, alegando fraude eleitoral em condados como Lancaster e York. No entanto, autoridades locais esclareceram que estão investigando possíveis inscrições fraudulentas—não votos—um processo rotineiro destinado a garantir a integridade das eleições, que, segundo eles, ressalta os controles e equilíbrios do sistema.
A campanha de Trump também está mirando os votos no exterior, alegando que os democratas estão tentando “diluir o VOTO VERDADEIRO” ao encorajar americanos não residentes a votar. Ironicamente, Trump já buscou votos no exterior, prometendo aos expatriados americanos reduzir a chamada “dupla tributação”.
Ameaças de Ação Legal
Além de contestar votos, Trump advertiu repetidamente que, se reeleito, processará aqueles que considera responsáveis por “trapacear” em 2020 e 2024. Essas ameaças não são novas; como presidente, Trump pressionou o Departamento de Justiça a investigar adversários políticos e indicou que nomearia oficiais dispostos a perseguir casos contra seus rivais. Embora o Departamento de Justiça tenha salvaguardas institucionais para prevenir interferências políticas, o histórico de Trump de desafiar essas normas sugere que ele pode testar esses limites se receber outro mandato.
Impacto na Eleição
Os democratas estão preocupados que os desafios preventivos de Trump possam interromper o processo de contagem de votos ou até mesmo lançar dúvidas sobre os resultados se não forem imediatamente conclusivos. Sua estratégia reflete um esforço para manter influência sobre sua base e semear dúvidas entre os eleitores que, de outra forma, poderiam aceitar o resultado. Em uma eleição tão contenciosa quanto a de 2024, a possibilidade de Trump contestar os resultados paira, preparando o terreno para uma repetição do período divisivo pós-eleição de 2020.
Com a confiança no processo eleitoral já abalada, a retórica de Trump tem o potencial de erodir ainda mais a confiança pública. À medida que o Dia da Eleição se aproxima, ambos os partidos estão se preparando para um possível confronto sobre a legitimidade dos resultados, com Trump reafirmando suas alegações de que “trapaça” é a única razão plausível pela qual ele poderia perder.
As fontes para este artigo incluem: Associated Press, entrevistas da Newsmax, declarações de oficiais do condado da Pensilvânia.